Como cuidar da saúde mental e emocional dos colaboradores?

Embora as empresas busquem crescer no mercado em que atuam, é essencial que os gestores se lembrem que, no final, o resultado depende de pessoas. Quando a saúde mental dos colaboradores está sendo prejudicada de alguma forma, os reflexos logo são sentidos na qualidade de seus serviços. Para evitar essa situação no negócio, é muito importante saber como cuidar da saúde mental e emocional da equipe. Porém, vale lembrar que se preocupar com o bem-estar do time é também um sinal de empatia e solidariedade com o próximo. Devido a importância desse assunto, resolvemos produzir esse e-book. No decorrer do conteúdo, falaremos sobre as diferenças entre saúde mental e emocional, os principais transtornos psicológicos relacionados ao trabalho e ações voltadas para a melhoria do psicológico do time.

Existe uma linha tênue que divide a diferença entre a saúde mental e emocional. Até mesmo os sintomas que aparecem quando algo está errado com esses aspectos do nosso organismo são muito parecidos. No entanto, a saúde emocional está ligada à nossa relação com as pessoas e a nossa autoestima. Sendo assim, essa área tem a ver com a capacidade de lidar com pensamentos e emoções, como: medo e alegria. Quando a saúde emocional está boa, o indivíduo consegue manter o equilíbrio mesmo em situações desgastantes do dia a dia. Caso contrário, é tomado por pensamentos negativos ou tem com frequência reações desagradáveis, como excessos de raiva. Por outro lado, a saúde mental está relacionada com uma série de reações químicas, fisiológicas e neurológicas.

Nesse sentido, quando essa área do nosso organismo não funciona bem, é possível que surja a depressão, bipolaridade, síndrome de burnout, ansiedade generalizada etc. Para regularizar a saúde mental, é necessário um acompanhamento profissional para chegar a um diagnóstico e tratamento adequado. Apesar dessas diferenças, se algo está errado com uma das áreas, normalmente, a outra é afetada. De acordo com o estudo “Mental well-being at the workplace”, produzido pelo US National Library Of Medicine – National Institutes of Health (NBCI), uma saúde mental deficiente desencadeia uma série de fatores que impactam na saúde emocional e até na física.

Um artigo publicado no site da Harvard Business Review revelou uma situação triste que acontece no mundo corporativo. Segundo essa matéria, o tema “saúde mental” continua sendo um tabu dentro das empresas. Por isso, 60% dos funcionários nunca falaram sobre seu estado de saúde mental com ninguém no trabalho. Esse silêncio cobre o fato de que 200 milhões de dias de trabalho são perdidos anualmente, gerando um prejuízo de US$ 16,8 bilhões para as organizações. Esses números estão atrelados a problemas de saúde mental que são “velados” no ambiente interno das empresas. Existem muitos fatores que podem gerar transtornos psicológicos entre os profissionais. A seguir, listamos alguns deles e as suas causas.

Síndrome de Burnout

Esse distúrbio psíquico está no grupo 24 do CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Uma das suas principais características é o estado de tensão emocional e estresse crônico vindo de condições de trabalho desgastantes em sentido emocional, psicológico e físico. Em vista disso, o profissional pode apresentar os seguintes sintomas: » Agressividade; » Isolamento; » Irritabilidade; » Ausência no trabalho; » Mudanças no humor; » Dificuldade de concentração; » Lapsos de memória; » Pessimismo; » Insônia; » Enxaqueca; » Sudorese etc.

Depressão

O transtorno depressivo é caracterizado pela repressão do humor, a perda do interesse e do prazer na realização de atividades do dia a dia. Normalmente, a pessoa começa a ter sérios problemas na sua vida profissional e pessoal. Entre as situações que podem causar depressão em um colaborador, estão: » Discriminação, assédio moral ou sexual; » Excesso de trabalho; » Insegurança no emprego; » Competitividade no ambiente interno; » Pressão para superar limites de produtividade; » Relação hostil entre líder e subordinado. Já os sintomas que revelam o transtorno depressivo, são:

» Perda o apetite;

» Fala de motivação e autoestima;

» Irritabilidade;

» Crises de choro;

» Queda da produtividade;

» Dificuldade com a concentração e memorização;

» Procrastinação;

» Isolamento.

Ansiedade

O transtorno de ansiedade é caracterizado pela sensação frequente de medo, insegurança ou risco de vida. Quando não controlado, o profissional pode gerar um transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Entre os principais sintomas da ansiedade, podemos citar: » Batimentos cardíacos acelerados; » Vertigem; » Tontura; » Tensão muscular; » Formigamento; » Dores de cabeça; » Dificuldades de concentração; » Insônia; » Tremores e espasmos; » Inquietação.

Mas o que pode gerar o transtorno de ansiedade em um profissional? No geral, os motivos estão relacionados a:

» Prazos apertados;

» Preocupação excessiva com o trabalho;

» Excesso de responsabilidade;

» Metas inatingíveis que precisam ser cumpridas;

» Busca incessante por resultados;

» Uma liderança abusiva

Síndrome do pânico

A síndrome do pânico leva o profissional a ter um ataque súbito e intenso. Durante a crise, existe a sensação de morte iminente, perda do estado de consciência e da percepção da realidade. Embora essa doença tenha conexões genéticas, experiências traumáticas no ambiente de trabalho também podem desencadeá-la. Entre essas situações, estão:

» Jornadas exaustivas de trabalho;

» Assédio moral, sexual ou verbal;

» Cobranças intermináveis;

» Metas irrealistas;

» Clima interno ruim.

Quanto aos sintomas da síndrome do pânico, podemos citar:

» Palpitações e taquicardia;

» Falta de ar; » Sudorese;

» Tremores;

» Dormência ou formigamento pelo corpo;

» Sentimento de despersonalização;

» Medo de enlouquecer ou morrer

Por causa dos efeitos negativos da pandemia da COVID-19, os problemas mentais e emocionais entre os trabalhadores “deram um salto” nos últimos meses. Segundo o estudo “Depression and Anxiety Among Essential Workers From Brazil And Spain During The Covid-19 Pandemic: a websurvey”, publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), os sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos profissionais e 30,9% foram diagnosticados com doenças mentais. Um artigo do jornal O Globo mostrou que a concessão, pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença devido a transtornos mentais bateu recorde durante a pandemia. Em 2020, os números chegaram a 576, 6 mil – uma alta de 26% em relação a 2019. Com respeito a auxílios e afastamentos vindos, por exemplo, de transtornos depressivos e de ansiedade, o aumento foi de 33,7% – passando de 213,2 mil em 2019 para 285,2 mil em 2020. Sem dúvidas, são dados preocupantes que devem colocar empresas em estado de alerta sobre a saúde mental e emocional dos funcionários.

A pesquisa “Scaling-up treatment of depression and anxiety: a global return on investment analysis”, feita pela Lancet Psychiatry, apontou os valores que envolvem o cuidado com a saúde mental e emocional dos colaboradores. Segundo esse estudo, até 2030, estima-se que o gasto das empresas com tratamento de transtornos depressivos e de ansiedade deve chegar a US$ 147 milhões. Porém, esse custo resultará em anos de vida saudável e produtiva para os profissionais. Dessa forma, as empresas ganharão um retorno financeiro de US$ 310 bilhões em produtividade dos colaboradores. Saindo da margem financeira, podemos apontar outras razões importantes para cuidar do bem estar mental e emocional dos colaboradores.

Embora o ambiente externo seja desafiador, a empresa pode e deve criar um ambiente interno que inspire segurança e promova benefícios para o psicológico dos profissionais. Para isso, é necessária a adoção de algumas práticas importantes. A seguir, veremos algumas delas. Análise de fatores internos. Tanto os líderes quanto o RH devem observar sinais de riscos psicossociais no ambiente interno. Talvez, exista uma grande cobrança dos líderes em relação ao desempenho dos colaboradores. Pode acontecer também, que a ausência de políticas voltadas para a gestão de pessoas resulte na desmotivação das equipes. Seja qual for o aspecto negativo identificado, os gestores devem propor soluções estratégicas. Algo importante para ter um entendimento mais claro para tomar decisões assertivas é ouvir os colaboradores. Isso pode ser feito por meio de pesquisas de satisfação, canais de interação ou feedbacks

Eventos corporativos

Os eventos corporativos são excelentes ferramentas para o estímulo da interação entre os colaboradores, bem como a melhoria da saúde mental e emocional. Sabemos que nós, seres humanos, somos sociáveis. Por isso, promover encontros como happy hours ou um café para bater um papo, pode reforçar o bem-estar das equipes. Em tempos de pandemia, não é recomendável aglomerações físicas, mas isso não impede a realização de eventos online. Com um pouco de criatividade, os gestores conseguem organizar brincadeiras, momentos para conversas descontraídas ou até um lanche virtual. Vale lembrar também da importância de workshops, em especial para as equipes que estão em home office. Esses eventos podem incluir dicas de como cuidar da saúde mental e emocional quando se trabalha remotamente. Além disso, é possível convidar especialistas para conversar sobre esse assunto com os colaboradores. Com a ajuda das plataformas de videoconferência, não fica difícil reunir muitos participantes e realizar eventos online de forma organizada.

Gestão da saúde

É importante implantar a gestão da saúde na empresa. O que isso significa? Criar políticas e elaborar práticas voltadas para a qualidade de vida dos profissionais presenciais e remotos. Para isso, os gestores podem realizar um levantamento completo sobre o perfil da saúde dos colaboradores. Com base nessas informações, fica mais fácil oferecer benefícios, como: descontos em academias, sessões com psicólogos, técnicas de relaxamento e outras terapias alternativas. Além disso, a empresa pode investir em ergonomia no trabalho e na construção de um ambiente que estimule o bem-estar. Algumas organizações até modificam o layout dos escritórios e as cores das paredes para dar uma sensação mais agradável para os funcionários. Aplicando essas ações nas equipes remotas, a gestão de saúde pode incluir na cesta de benefícios descontos em lojas especializadas em home office. Desse modo, os colaboradores conseguem montar um ambiente adequado e confortável para realizar o seu trabalho em casa. Essas ações impactarão muito o desempenho e a saúde desses profissionais.

Como principal gestor do capital humano da empresa, o RH tem a responsabilidade de implementar práticas voltadas para o cuidado da saúde psicológica do time. Como vimos, essas ações são essenciais para o sucesso da empresa. De acordo com um estudo feito pela Mental Health Foundation, 12,7% de todas as faltas de trabalho são consequências de doenças mentais – isso só no Reino Unido. Como uma organização pode sobreviver nos negócios com um índice tão elevado de absenteísmo? Por isso, é fundamental um olhar mais humano para os colaboradores, pois são “as molas propulsoras” da economia empresarial e cada vez mais esse assunto conquistará grande importância em todos os âmbitos da vida do ser humano.

Fonte: Portal Convenia.

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